
Em unidades industriais de papel e celulose, os sistemas de utilidades – como vapor, energia elétrica, ar comprimido e água de processo – representam parte significativa dos gastos operacionais. Embora esses sistemas raramente recebam atenção no mesmo nível que os equipamentos de processo, sua influência nos custos finais e na disponibilidade da planta é direta e constante.
Custos ocultos na geração e distribuição de utilidades
Falhas na gestão de ativos voltados às utilidades criam desperdícios que muitas vezes não são evidentes nos indicadores tradicionais. Vazamentos em linhas de vapor, perdas térmicas por isolamento comprometido, compressores operando fora do ponto ideal ou caldeiras com rendimento abaixo do esperado aumentam gradualmente os custos operacionais.
Essas perdas acumuladas, quando não monitoradas, impactam o custo de tonelada produzida, reduzem margens e afetam diretamente o desempenho financeiro da planta.
Manutenção preditiva e inspeções em sistemas de utilidades
Equipamentos como turbinas, caldeiras, sistemas de cogeração e chillers exigem monitoramento contínuo para evitar quedas de rendimento. O uso de tecnologias de inspeção preditiva, como termografia, análise de vibração e ultrassom, ajuda a detectar anomalias em estágio inicial, antes que provoquem paradas não programadas ou queda de performance.
Outro ponto relevante está no controle da qualidade da água nas caldeiras, fator que interfere diretamente na durabilidade e eficiência dos trocadores térmicos e sistemas de geração de vapor.
Integração entre operação e manutenção
A integração entre os times operacionais e de manutenção pode resultar em ganhos reais na gestão de utilidades. O registro preciso dos consumos, pressões, temperaturas e rendimentos alimenta análises que permitem identificar tendências de queda de performance.
Além disso, a colaboração entre as áreas facilita a priorização de intervenções nos ativos que mais impactam o consumo energético ou a eficiência do sistema como um todo.
Dados como aliados da tomada de decisão
A implantação de indicadores específicos para utilidades, como consumo específico de vapor por tonelada produzida ou kWh por tonelada seca, permite acompanhar a performance dos sistemas em tempo real. Esses dados orientam as ações de manutenção e ajudam a justificar investimentos em melhorias, como a modernização de motores, recuperação de calor ou melhorias no isolamento térmico.
Com o uso inteligente das informações, é possível converter perdas invisíveis em oportunidades de economia.
Conclusão
Na indústria de papel e celulose, a gestão dos ativos voltados às utilidades precisa receber atenção equivalente àquela dada aos equipamentos de processo. A redução dos custos ocultos relacionados ao consumo de energia, vapor e outros insumos só acontece com controle, monitoramento contínuo e atuação coordenada entre áreas técnicas, trazendo impacto direto no resultado financeiro da operação.